Existem aqueles que acreditam que a psicanálise não promove a cura.
No entanto, ela é, de fato, capaz de operar transformações significativas, embora o conceito de cura em psicanálise não coincida com o entendimento da medicina tradicional.
O que é considerado normal na psiquiatria não se aplica da mesma forma à psicanálise. Este último campo não trabalha com a ideia de normalidade; em vez disso, concentra-se nas configurações desejantes e nas formações do inconsciente. Em outras palavras, a psicanálise se ocupa da capacidade do sujeito de transformar um sintoma em um caminho pessoal.
Assim, a psicanálise promove a cura ao mudar a postura do sujeito em relação ao seu sofrimento. Isso envolve como a pessoa lida com sua dor, como se posiciona frente ao outro e como se escuta. A cura, nesse contexto, não se refere à eliminação do sintoma, mas à sua reconfiguração.
Lacan mencionava o "sinthoma", que representa o momento em que o sujeito assume a responsabilidade de dar à sua vida um sentido mais pleno e interessante. Para alcançar isso, é essencial abandonar a postura de vitimismo, ressentimento e impotência. A cura em psicanálise busca restaurar uma potência que a pessoa pode ter perdido ou que talvez nunca tenha experimentado.
Esse processo implica desenvolver a capacidade de crescer, expandir-se e realizar atividades em sua vida que se tornem mais significativas e valiosas do que o próprio sintoma. Assim, transforma-se em um trabalho que oferece a possibilidade de atravessar a fantasia, permitindo um espaço de maior autoralidade, onde antes havia uma sensação de aprisionamento.
Equipe Psicanálise Descolada
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