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Foto do escritorPsicanalise Descolada

A PAIXÃO É UM BADBORDER

Qual é o problema do borderline? É que ele tem muita dificuldade para estabelecer os níveis de castração. Ele estabelece, mas aquilo fica provisório, mal posicionado. E quando a pulsão só insiste sobre ela, ela mata. A pulsão é morte, ela mata. Agora, se você conseguir que essa pulsão, que é feita para insistir sobre ela mesma, encontre o objeto, e que esse encontro possa ser um encontro bom, você produz fantasias, produz sintomas e se assenta. Não quer dizer que você esteja salvo, porque salvação não há. Estamos aqui dentro fazendo movimento, estudando, “se virando”. Não está parado, justamente, porque não há salvação, é preciso se movimentar. Mesmo você sentado diante da melhor paisagem, você está trabalhando. Isso é trabalho. Ninguém pára! Quanto mais você pode elaborar, mais você sofistica, mais você cria objetos, mais você cria relações de diplomacia... (que é o que falta ao borderline, uma relação de diplomacia). E a gente vai para uma via menos ameaçadora...


personalidades borderline

O borderline é completamente inseguro, ele tem muita dificuldade de confiar no seu corpo; daí ele precisar do outro como elemento de amparo e anteparo. Quer ver um exemplo disso claramente? Pegue uma pessoa que é viciada e deu uma surtada hipomaníaca. Digamos que ela foi contida com medicação, que a família se apavorou e internou uns dias na clínica. Aí, tem esse profissional que é acompanhante. Esse acompanhante é uma espécie de ego auxiliar, de sujeito de contenção. Esse acompanhante terapeuta está presente; se sair, o sujeito se esfarela. Vocês estão entendendo?... Qual a diferença de uma pessoa que está representando isso? É que a representação permite a complexidade e a beleza do psiquismo, dispensando a presença real do objeto. Ou seja, se eu posso simular presença, eu posso produzir um sintoma que me permita me afastar do outro e eu não me veja na iminência da morte; então eu estou seguro.


Peguem uma pessoa apaixonada... Todo apaixonado está num sintoma borderline, porque a paixão quebra as fronteiras, anula as castrações, recria os princípios continuamente, senão não seria paixão. A paixão é a pulsão alucinada por si mesma usando o outro como desculpa. A paixão, a volúpia de engolir o outro é totalmente borderline. E, de repente, a pessoa vai tanto naquilo, vai tão fundo naquilo, que ela é obrigada a bater em retirada para não sucumbir ao processo de gozo da paixão. Saiu para se defender e o outro, que estava na paixão achando que estava segurando aquilo, também quebra. A paixão é “mau, quebra um, quebra geral”. A paixão – se vocês querem realmente saber, minhas senhoras e meus senhores – é o melhor exemplo de borderline.


Carlos Mario Alvarez


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